Resenha| Meio Mundo, de Joe Abercrombie

19:39 Sofia Trindade 0 Comments






Autor: Joe Abercrombie / Ano: 2017 / Páginas: 368 / Editora: Arqueiro / Nota: 5-5
Thorn Bathu tem o sonho de ser uma guerreira, assim como seu pai foi um dia. Mas ao contrário dos meninos, Thorn encontra mais dificuldades de realizar seu sonho, por conta do machismo que as pessoas têm por ela ser uma menina.

Mesmo assim a garota ignora todos os comentários e começa seu treinamento para ser um dos guerreiros do exército do rei Unthil. Tendo um professor que faz de tudo para acabar com ela, Thorn aceita seu desafio final de lutar contra três outros alunos, mesmo que isso seja injusto e incorreto. A luta termina em uma tragédia, algo que o professor queria que ocorresse, e quando menos espera Thorn está presa em uma cela condenada a morte por assassinato.

O único que pode ajudá-la no momento é Pai Yarvi, ministro do rei e protagonista do primeiro livro da trilogia, que oferece liberdade a garota em troca de alguns favores que ela só vai saber depois. Desesperada para se livrar da morte Thorn aceita o acordo de Yarvi e embarca com uma tripulação esquisita para uma viagem de um ano com o propósito de conquistar aliados para a grande guerra que se aproxima sobre o Mar Despedaçado.

Para quem não sabe o livro Meio Rei tem o primeiro capítulo do livro Meio Mundo, então tinha esperança de que o segundo livro tivesse o destaque maior de uma personagem feminina, coisa que dificilmente acontece nos livros de Abercrombie.

Quem conhece a escrita do autor sabe o quanto ele escreveu a trilogia A Primeira Lei de uma forma mais pesada, tanto na escrita quanto no cenário, e a trilogia Mar Despedaçado traz algo totalmente diferente nesse novo trabalho. O livro tem o foco mais jovem, leve e agradável de ter um acompanhamento, mas também não deixa de ter uma pitada de sangue que Joe Abercombrie sabe ter.

Claro que isso ocorre porque os públicos das duas trilogias são diferentes, mas dessa vez a balança do autor estava mais equilibrada referente a alguns tópicos, como: o número de personagens, cenas de guerra, tempo de duração do enredo, características do ambiente criado, tudo estava mais fácil de ler.

Thorn foi foco do livro em grande parte e não me recordo até hoje de ter lido algo com uma personagem que tenha evoluído tanto em sua força e determinação. Talvez, por recentemente termos mais garotas empoderadas nos livros algumas pessoas achem ela com características clichês de uma Girl Power, mas nunca é demais ver uma menina sendo retratada como uma guerreira na literatura. Principalmente quando a mesma ainda está cheia de livros machistas e repleta de heróis masculinos.

A palavra machismo estar explicitamente presente na sinopse de um livro sem que ele fale exatamente sobre o feminismo é algo a se parabenizar a editora Arqueiro pela forma de abordar o público de livros desse gênero para a mensagem que está presente na leitura.

Mas ao todo Meio Mundo não fala somente de mulheres guerreiras e seu espaço. O enredo traz uma guerra das grandes que se aproxima aos poucos. A sabedoria de Pai Yarvi e sua Rainha Lalith, que já foi considerada sua mãe, fizeram a história se encaixar de forma perfeita e aos poucos o livro ganhou sua forma e marca registrada.

Com a proposta de agradar um público mais jovem, Meio Mundo cumpriu com seu dever ao me trazer uma leitura maravilhosamente agradável do começo ao fim. O autor tem ganhado cada vez mais um espaço na minha estante, e recomendo que isso aconteça na estante de vocês também.

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